A Anseme marcou presença no Dia de Campo do Arroz, evento organizado pelo COTARROZ – Centro de Competências do Arroz, que teve lugar em Salvaterra de Magos no passado dia 20 de setembro. Durante a manhã e depois da sessão de abertura, foram realizados Ateliers Técnicos abordando diferentes aspetos da cultura do arroz e do melhoramento genético desta cultura.
ATELIERS TÉCNICOS
Durante este evento, houve oportunidade de debater problemas que atingem a cultura, como a dificuldade no combate a doenças, pragas e infestantes, pela falta de substâncias ativas disponíveis. Uma das preocupações do setor é a concorrência desleal e a incoerência que se vive no nosso país, com a imposição de exigências desmedidas aos nossos agricultores, alegando uma suposta proteção do consumidor e permitindo importações sem as mesmas restrições.
Durante o Atelier Técnico sobre o uso de marcadores moleculares, a cargo do INIAV, Ana Sofia Almeida referiu que “O melhoramento genético do arroz é feito em Portugal por encomenda do setor. Portugal tem uma importante reserva genética no país” . Apesar de sermos o maior consumidor europeu, durante 30 anos, o melhoramento genético do arroz esteve parado em Portugal. Em 2003 uniram-se esforços entre entidades públicas e o setor privado, e reiniciou-se o programa de melhoramento em Portugal.”
O Melhoramento genético é a melhor forma de resposta à adaptação da cultura do arroz às pressões do meio ambiente. O Cotarroz trabalha há mais de 20 anos na obtenção de novas variedades de arroz e para a sua inscrição no Catálogo Nacional de Variedades. O melhoramento genético é feito a partir de plantas que já existem. São feitos cruzamentos para criar variabilidade e posteriormente selecionam-se os mais interessantes para serem testados.
O Cotarroz tem atualmente, uma rede de ensaios de adaptação nas regiões do Sado, Mondego e Tejo, as principais zonas de produção de arroz em Portugal. O Cotarroz já utiliza a técnica de marcadores moleculares para ajudar no melhoramento, nomeadamente na escolha de linhas parentais. A sequenciação genética do arroz e o conhecimento dos genes responsáveis pela expressão de determinadas características, permitem obter mais rapidamente as plantas com as características desejadas. Dando como exemplo os genes responsáveis pelo tamanho do grão e pela aromatização do arroz que já estão identificados, permitindo assim a obtenção de variedades mais interessantes em menos tempo.
Um dos fatores mais limitantes à produção de arroz é a disponibilidade de água, uma vez que é uma cultura ainda produzida por alagamento. Foram identificados 4 genes responsáveis pela resposta da cultura à falta de água e estão agora a serem estudados pelo Pólo do INIAV em Oeiras.
Foi também referido que o Cotarroz vai adquirir uma câmara de crescimento, que irá permitir diminuir o tempo de melhoramento de uma variedade, em cerca de 3 anos.